O rio Âncora é um rio truteiro que tem vindo a ser vítima de muitos ataques de furtivos, no entanto algo está a ser feito para inverter essa tendência. A delegação da APPP – Monção foi tentar saber o que se está a fazer para recuperar este património, para isso contactamos uma pessoa que muito tem feito pelo “seu” rio. Agradecemos a amabilidade e disponibilidade com que nos recebeu e esclareceu.

Aqui fica a reportagem.
Rui Manuel Taxa da Silva Araújo
54 anos
Médico Clínico Geral
Presidente da Direcção do Clube Ancorense de Pesca e Caça há 8 anos.
O que nos diz sobre o seu Clube?O Clube Ancorense de Pesca e Caça foi fundado em 01-01-1951, é composto pela Secção de Pesca – com cerca de 50 sócios, a Secção de Caça – com cerca de 70 sócios, e desde o ano passado, a Secção de AirSoft – com cerca de 10 sócios.
A Secção de Pesca ainda se pode subdividir na Subsecção de Mar, onde militam a maior parte dos sócios disputando os diversos Campeonatos de Mar na categoria de Surfcasting, quer os organizados pela Associação de Pesca de Viana do Castelo, quer os organizados pela Federação Portuguesa de Pesca Desportiva. Pontualmente participa também nos principais concursos nacionais de mar de surfcasting a Norte da Figueira da Foz, assim como os mais importantes da Galiza.
A Subsecção de Rio foi criada este ano, juntamente com o início da Concessão de Pesca do Rio Âncora por parte do Clube Ancorense de Pesca e Caça, com a finalidade de preservar a truta autóctone do Rio Âncora e implementar a pesca sem morte, assim como a pesca com o método de "flyfishing".
A Secção de Caça tem a seu cargo a gestão da Reserva de Caça Associativa de S. Pedro de Varais – onde se inclui local para a prática de Tiro aos Pratos e Treino de Cães de Caça, e a Reserva Municipal do Vale do Âncora.
A Secção de AirSoft começa a dar os primeiros passos, tem o seu local de prática desportiva localizado na Mata da Gelfa, e encontra-se numa fase de divulgação da modalidade e angariação de sócios.
Onde e quando nasceu a sua paixão pela pesca?A minha paixão pela pesca surge no dia em que o meu filho mais velho resolveu começar a pescar.
Eu que sempre "odiei pesca e pescadores" vi-me envolvido neste desporto apaixonante de um dia para o outro. E foi um prazer ter entrado para esta grande família de pescadores.
O Mar sempre me atraiu, talvez por ter nascido à beira mar e estar habituado a ver o mar todos os dias. Comecei a praticar surf e só deixei esta modalidade quando duas hérnias discais me impediram de deitar sobre as pranchas.
A partir desse dia, o surf começou gradualmente a ser substituído pela pesca de mar, nas modalidades de surcasting e de spinning.
Também gosto de pescar trutas, especialmente na Foz do Rio Âncora, quando o chove intensamente durante alguns dias e a Foz do Rio fica mais larga e mais funda, permitindo que algumas trutas mariscas entrem e subam o Rio.
No início pescava com morte, mas depois de devidamente instruído sobre a matéria comecei a pescar sem morte e a explicar aqueles que não compreendiam este facto, o porquê da minha atitude. Ainda hoje algumas mentes continuam baralhadas.
O que nos diz do “seu” rio, o Âncora?O Rio Âncora foi no passado uma referência quanto à sua qualidade e quantidade de trutas. Beneficiando de um repovoamento feito pela Estação Aquícola do Ave no início dos anos 50 e por uma Concessão de Pesca Particular, as trutas do Âncora duraram até ao 25 de Abril de 74.
A partir dessa data, e sob o lema "as trutas são nossas", a Concessão acabou, as placas foram arrancadas e atiradas ao Rio pelos democratas da região, e o Rio paulatinamente foi pilhado.
Aliás, é o que acontece todos os anos aquando da abertura da pesca à truta. Sabendo que o Rio se encontrava entregue à sua sorte, sem vigilância especial, "milhares" de pescadores à minhoca pescaram tudo o que havia para pescar. Com e sem medida.
Hoje não resta quase nada. Uma ou outra trutita nesta ou naquela levada. Mais nada!
O que está a ser feito para inverter essa situação do rio Âncora?Como nenhuma atitude era tomada por nenhuma Associação ou outra entidade para acabar com a agonia deste Rio, o Clube Ancorense de Pesca e Caça, em 2006 candidata-se ao Ordenamento e Gestão do Rio Âncora, facto que lhe é concedido em Dezembro de 2008.
Tivemos a preocupação de proibir a pesca com iscos vivos, e obrigar à pesca com anzóis sem morte.
Concessionamos a máxima extensão que a Lei nos permite
Temos 2 Lotes com pesca com morte, mas com número limitado de capturas por pescador e por dia de pesca.
Temos 2 Lotes sem morte, sendo um deles exclusivamente para flyfishing.
Este Lote situa-se na parte mais próxima da Foz do Rio, encostada ao Parque de Campismo do Paço, numa zona muito bonita, acessível e cómoda para se pescar.
Num futuro próximo, queremos aproveitar a boa vontade do proprietário do Parque de Campismo do Paço, e transformar o Moinho do Paço (que está incluído no Parque de Campismo) numa escola de Flyfishing.
O futuro do Âncora está ligado a outro projecto, que passa pela reserva-aluguer-compra de um tanque de reprodução para as nossas trutas. Desejamos que os repovoamentos que tiverem que ser efectuados no nosso Rio, o sejam com os nossos reprodutores, única forma que vemos para não se verificar misturas de ADN.
Sabemos que temos um longo caminho pala frente, mas não temos pressa, vamos andando devagar e bem.....
Por uma questão de curiosidade, deixo ficar para conhecimentos de todos os leitores os Lotes de Pesca do Rio Âncora.
Lote 1Inicio – Ponte de Tourim
Fim – Ponte de Sains
Extensão – 2,5 km.
Pode-se pescar às Quintas-feiras, Sábados, Domingos e Feriados Nacionais.
Autorizados 3 pescadores com iscos artificiais – rapalas e colheres – sem farpas nos anzóis das fateixas.
O número máximo de capturas é de 2 exemplares por pescador/ dia/lote.
Lote 2
Início – Ponte de Sains
Fim – Ponte de Freixieiro de Soutelo
Extensão – 4,1 km.
Pode-se pescar às Quintas-feiras, Sábados Domingos e Feriados Nacionais.
Autorizados 4 pescadores com iscos artificiais – rapalas e medalhas – sem farpas nos anzóis das fateixas.
O número de capturas é de 4 por pescador/dia/lote.
Lote 3
Início – Ponte de Freixieiro de Soutelo
Fim – Ponte de Abadim
Extensão – 2,3 km.
Pode-se pescar às Quintas-feiras, Sextas-feiras, Sábados, Domingos e Feriados Nacionais.
Autorizados 3 pescadores só podendo pescar com iscos artificiais – rapalas e medalhas – sem farpas nos anzóis das fateixas.
Lote sem morte.
Lote 4Início – Ponte de Abadim
Fim – Ponte de S. Brás.
Extensão – 1,4 km.
Pode-se pescar todos os dias e Feriados Nacionais.
Autorizados 2 pescadores, só podendo pescar com isco artificial "plumas secas, afogadas e ninfas", sem farpas nos anzóis.
Lote sem morte.
As respectivas licenças são passadas no Clube Ancorense de Pesca e Caça (Tel. 258 911 831), às sextas-feiras, entre as 21.00 e as 23.30 horas.
Não são feitas reservas, e as licenças são passadas de sexta-feira até à próxima sexta-feira, obrigando à presença física do pescador.
Link de interesse.
www.afn.min-agricultura.pt/portal/pesca/concessoes-de-pesca-desportiva/viana-do-castelo/concessao-de-pesca-do-rio-ancora-2013-concelhos-de-caminha-e-viana-do-casteloNunca será de mais agradecer ao Dr. Rui Taxa pela sua colaboração, e disponibilizamo-nos para colaborar no que for necessário.
Saudações.
APPP – Monção